quinta-feira, 6 de junho de 2013

Educação por Ana Lúcia Mendez

Ana Lúcia Mendez é a nossa entrevistada de hoje. Carioca de nascimento e niteroiense por adoção, a professora de inglês e pedagoga de escolas renomadas de Niterói atualmente cursa o mestrado em Educação na UFF. Confira abaixo suas dicas sobre escolas, educação, família, língua estrangeira e atividades extracurriculares.


O que os pais devem levar em conta na hora de escolher uma escola?

Em minha opinião, o único aspecto inegociável nessa decisão é a coerência entre a proposta pedagógica da escola. A educação escolar é uma forma de educação essencial na nossa sociedade, tanto quanto a educação familiar. Portanto, elas devem andar na mesma direção. Considero, também, necessário que, ao escolher uma escola, as famílias ouçam seus filhos, conversem com eles sobre o assunto, mesmo que ainda muito pequenos.

Outros aspectos de ordens mais práticas, mas também muito relevantes, são os custos financeiro e pessoal. Mensalidade, material escolar, alimentação, período de tempo e horário, proximidade de casa, logística de transporte, atividades complementares oferecidas, enfim, a viabilidade real de manter seu filho nessa ou naquela escola.

O que você acha dos projetos bilíngues que hoje são comuns em muitas escolas?

É importante conhecer a diferença entre ensino bilíngue e ensino de língua estrangeira que, sem dúvida, na maioria das vezes é o inglês.

Uma educação bilíngue se caracteriza pelo ensino de conteúdos escolares em língua estrangeira. A língua não é o objeto de estudo, ela é o veículo de comunicação. Existem diferentes concepções teóricas de língua e linguagem. 

Compreendendo que a língua só existe em função dos seus locutores e interlocutores, considero ainda mais privilegiada a possibilidade de aprender uma língua estrangeira em situações de comunicação. Um projeto bilíngue de boa qualidade pressupõe, indiscutivelmente, professores proficientes no idioma, habilitados para docência e, portanto, comprometidos com um projeto realmente educacional e não apenas instrumentalizador.

Vejo a participação em um projeto bilíngue com essas características como uma oportunidade de se tornar fluente em uma língua estrangeira e de construir uma visão de mundo mais plural, mais receptiva ao outro e mais consciente até da nossa própria cultura.

Como a família pode contribuir com a escola na educação dos filhos?

Eu diria que a família contribui se co-responsabilizando pela educação escolar. Para isso, além de uma escolha bem ponderada da escola adequada, é importante acompanhar de perto as atividades cotidianas, manter um diálogo vivo com os profissionais da escola, ouvindo e se fazendo ouvir, valorizar a caminhada do estudante, apoiando-o no enfrentamento das dificuldades e observando atentamente o modo como o próprio estudante se posiciona com relação à escola. Lembrando Paulo Freire,“escola é lugar de gente, de educar-se e ser feliz”.

Que outras atividades podem ajudar as crianças a se desenvolverem? Quais são suas dicas?

Brincar livremente, conversar, não fazer nada, sozinha ou na companhia de outras crianças ou de adultos. Todas essas atividades, mais do que ajudar, oportunizam o desenvolvimento infantil na medida em que se traduzem em vivências da infância. Frequentar eventos culturais é igualmente essencial, mas eu sei que não é fácil encontrar uma programação cultural na nossa cidade voltada para o público infantil. A Secretaria de Cultura oferece algumas opções. A Très Jolie, em Charitas, tem oferecido gratuitamente e com boa regularidade, em média uma vez por mês, eventos muito interessantes: musicais, contação de histórias, bailinhos, teatro de fantoches. Eles convidam profissionais de excelência em cada uma dessas áreas, têm um espaço muito agradável. Já estive em alguns desses eventos e vi o envolvimento e a alegria das crianças e dos adultos.

Além dessas oportunidades, contudo, há muitas escolhas. Pensando em desenvolvimento infantil em seus aspectos sócio-afetivo e cognitivo, mais uma vez, sugiro levar em consideração um fator básico: as aptidões e interesses da criança. Uma vez feita a escolha, sempre recomendo verificar a oferta de atividades complementares à formação. A confiança dos pais na escola escolhida e a segurança que a familiaridade com o ambiente traz à criança, é importante verificar antes de procurar outros espaços, as ofertas que a própria escola faz. Assim como recomendo com relação à escola, é muito importante acompanhar o desenvolvimento dessas atividades e avaliar a participação dos filhos.

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